quarta-feira, 8 de junho de 2011

            A CIDADE DE CAMPANHA NOS ANOS
DE 1.930 A 1932


SERAFIM MARIA PAIVA DE VILHENA


"Para que não se possa abusar do poder,
é preciso que o poder controle o poder"
Montesquie

Se quizer por a prova o caráter de um
homem, dê-lhe poder".
Abraham Linconln

"Arrazam-se as bastilhas, mas da con-
vulsão social surgem tipos anormais -
que tomados da vertigem do poder, -
se entregam às mais atrozes persigui-
ções".
Waldemar Veiga de Oliveira


Foram anos de grandes movimentações politicas em todo Pais, provocada por dois movimentos armados: a revolução de de 1930 que pôs fim a chamada "República Velha", com a deposição do presidente Washington Luiz, e a revolução de 1932, chamada de "Revolução Constitucionalista", deflagrada pelo estado de São Paulo, contra o governo provisório de Getúlio Vargas.
Evidentemente esses movimentos refletiram na vida politica do país e, por consequencia, nos estados e municipios. Existia em Canpanha nessa época duas agremiações políticas- partidárias, conhecidas como "Açucar" e "Rapadura" (era comum, nessa época, apelidos para as agremiações politicas)

O Dr. Serafim Maria Paiva de Vilhena, desde 1.918 passou a integrar - eleito pela a legenda dos "Açucar"- a Câmara Municipal de Camapanha sucessivamente como vereador, presidente da Câmara e Agente Executivo. Neste último munus público, equivalente a prefeito, hoje, teve atuação destacada no movimento revolucionário de 1930, podendo ainda assegurar ambiente tranquilo a comunidade Campanhense, evitando o terror e o êxodo da população.
Simpatizante de Antonio Carlos Ribeiro de Andrada, ex-Presidente do estado de Minas, principal articulador e organizador da "Aliança Liberal" e um dos lideres da revolução de 1.930 que, ja em 1.929, em dicurso proferido dizia: "Façamos a revolução pelo voto antes que o povo a faça pelas as armas". Serafim, empolgado com as idéias progressista de Antonio Carlos, passa integrar a nova agremiaçao politica, a "Aliança Liberal" O vereador José Messias Dias, lider dos "Rapadura", que tambem se postou ao lado dos revolucionários, cuja única atuação revolucionária foi dinamitar a ponte sobre o rio Palmela, na suposição de que os Paulistas, aliados do governo federal, pudessem entrar na cidade, o que nunca aconteceu - foi nomeado prefeito da cidade de Campanha, pelo então governardor revoluciónário, recem eleito, Olegário Maciel.
A atuação de José Messias a frente da prefeitura de Camapnha foi a mais desastrosa possível. Uma comunidade acostumada a lidernaça de homens de raizes tradicionais, austeros e invulgares, verdadeiros paradígmas de um povo que os admirava e os respeitava como lideres autenticos, passou a impor o cotidiano do despotismo, da arbitrariedade, do desprepararo e do desatino daqueles, que um dia, julgaram-se capazes de conduzir o destino de uma comunidade ordeira e pacifica, como era a população Campanhense. Incontestavelmente jogou o histórico município da Campanha às trevas medievais. Rememorou em sua gestão os terríveis tempos de “Roma Restricta” .
. O seu desiderato terrorista atinge o limite da irresponsabilidade e do desatino, quando ordena o que ficou conhecido como a "noite do terror". Numa tentativa de subjugar pela força e amendrontar os opositores e a população - o prefeito e seus capangas, mais o destacamento policial local, promovem um tiroteio por toda a cidade, ocupando as ruas principais, atirando indiscriminadamente nas casas e em locais públicos. Felizmente não houve mortes, muito embora, tinha-se evidente o assasinato de lideres e opositores ao regime local, como a de Serafim de Vilhena e o Sr. Digo Almeida que não era politico, mas que reagiu ao tiroteio em defesa da população e por pouco não teve toda a família assassinada.
Homem determinado, destemido e com uma liderança sempre voltada para o bem da coletividade, Serafim se insurge contra a administração e a tirania de José Messias, em defesa de uma sociedade vitima da crueldade,do autoritarismo e do abuso de autoridade. Promove o enfretamento com destemor e com a firmeza própria daqueles que lutam contra a tirania de uma minoria perniciosa, com a única arma com que dispõem: "a força moral"
E o fez com a galhardia de homem de principios inquebrantáveis. Viajou para capital do Estado - as suas expensas - e la permanecendo por cerca de 40 dias,com objetivo explicito de destituir, por meios legais, o atual chefe do executivo municipal da cidade de Campanha . Seu único objetivo era re-instaurar a ordem e dar alforria ao povo Camanhense.
Não à toa o ex-Presidente Tancredo afirmava que o maior compromisso de Minas é com a liberdade. A liberdade está incrustada nas raízes do mineiro e não é por acaso que se destaca em seu Pavilhão. Minas é terra da Incofidência.
Imbuído deste propósito é que Serafim se mostra firme e convicente perante ao governador do Estado, Olegário.Maciel, sobre a necessidade imperiosa de destituir o prefeito e assegurar ao municipio e a comunidade Campanhense, a paz e a tranquilidade tão almejada por toda população que, por circunstâncias inexplicáveis, se vê diante do arbitrio, do terror e do despotismo.
Serafim sempre exerceu uma liderança voltada para o bem público, a par de uma conduta exemplar, firmeza de vontade, atributos esses que foram decisivos ao seu proposito, não dando ao governardor outra alternativa, senão a destituição de José Messias. Graças a essa atuação descomprometida com o interesse pessoal, a paz e a tranqilidade e principalmente a liberdade são restaraudas e devolvidas à comunidade Campanhense.
Deposto José Messias, ato contínuo, o governador nomeia o EngenheiroAntonio Manuel de Oliveira Lisboa, prefeito de Campanha, que governou a cidade de l6/06/1.932 a 11/01/1.936.
O Dr. Lisboa, como era conhecido, não era Camapanhense, morava em Belo Horizonte, onde exercia um cargo público. A sua nomeação para prefeito de Camapanha constituiu mais uma demonstração da liderança de Serafim sempre voltada para o interesse da comunidade. Foi essa a conduta que sempre norteou a sua vida pública: nada pretendeu em benificio próprio Perguntado pelo governardor: o senhor quer que eu destitua o José Messias e nomeia o senhor Prefeito de Camapanha? O que prontamente Serafim responde: não, não quero, o que postulo de V. Excia. é a destituição do prefeito atual e a nomeação de um cidadão honrado, estranho à cidade, capacitado, de sua confiança e capaz de pacificar a cidade e restaurar a ordem e tranquilidade. É o que a Campanha precisa.
Ao desembarcar em Campanha de regresso de Belo horizonte, na noite de 9 de junho de 1.932, apos destituir José Messias, Serafim viveu uma das maiores emoções - senão a maior - de sua vida pública. Ali estavam na estação ferroviária da cidade, ocupando toda a plataforma e a s ruas próximas, toda a população Camapnhense, pessoas de todas as classes sociais estavam ali presentes, desde os mais simples aos de maiores representatividade, foi uma verdadeira consagração pública. Apos ser saudado e cunprimentado por todos, a multidão o acompanhou até a sua residencia, onde sua esosa e filhos o esperavam.

Serafim Maria Paiva de Vilhena, foi um homem de firmeza de caráter e, em toda a sua existência teve, como caracteristica, o propósito de continuar a ser aquilo que é, com suas opiniões e o seu procedimento. Com grande força de atençao e firmeza de vontade, não se resvestiu das coisas que o rodeavam e nunca mudou de sentimentos conforme ocasiões.
Sempre soube o que fazia e porque fazia, não se deixava seduzir pela popularidade, renegando a própria consciência O que nobremente sentia, virilmente sustentava e fortemente esperava, com elevação de pensamentos, clareza de objetivos e franqueza de seus atos.

Tarcísio Brandão de Vilhen
tb.vilhena@yahoo.com
http://vilhenatbv.blogspot.com